quarta-feira, 14 de maio de 2014

Os protestos de 2013 e os linchamentos de hoje.

Um Ponto de Inflexão ou de ruptura democrática?

Quando, em Junho de 2013, os “anonymous”  mascarados e outros quetais foram pras ruas protestar “contra tudo que está ai”, inicialmente insuflados pelo MPL e na esteira (e fervor do “momento cívico”) pela mídia televisada e escrita e, como ratinhos e ratinhas teleguiadas, priorizaram como alvo os “políticos” (principalmente do PT, diga-se de passagem) acompanhando as inserções quase full-time e em tempo real do Julgamento do “Mensalão Petista” no STF, tribunal no qual viu-se transformada uma sala de reuniões, onde acontecem embates jurídicos acalorados e decisões, em anexo descarado da Central Globo de Produções Jornalísticas...

Quando, ainda em Junho de 2013, essa mesma “massa” do Gigante Que Despertava começou a depredar ônibus e prédios públicos, com destaque dado na mesma mídia à depredação, como resultado da “indignação”, pra lá de seletiva e direcionada, do Itamarati (Governo Dilma) e da sede da Prefeitura Paulista (Governo Haddad)...

Alguns de nós, por ingenuidade ou fervor democrático exacerbado... talvez... defendemos o que estava se passando:

- era o demonstrativo de inserção política da “nova juventude” pra uns,

- era uma juventude que “estava sacudindo todas as instâncias de poder e de estado” pra outros uns (com uma interessante ressalva:  não vimos nenhuma faixa de protesto contra o Poder Judiciário... quem sabe a fantasia midiática, cotidianamente veiculada e enaltecida, em cima da "aura corretíssima" do Joaquim Barbosa, o justiceiro mor, tenha contribuído pra isso),

- era uma “demanda por melhores serviços públicos (inicialmente o transporte) que se ampliou” pra outros e outros...

Quando, tempos depois, se atirou um explosivo contra um cinegrafista, matando-o no exercício da profissão quando noticiava-se um “protesto”...

Quando diariamente se acompanha Marcelo Resende, Bolsanaro  e outros e outras menos cotados(as) defenderem aberta e efusivamente a pena de morte e os justiçamentos como solução para esse “kaos” em que se transformou a criminalidade no Brasil...

Como diz Julinho de Adeláide numa das mais geniais páginas da MBP:
“Lá fora, amor, uma rosa morreu, uma festa acabou, nosso barco partiu....
O tempo passou na Janela
E só Carolina não viu”

Nós somos, todos, a Carolina ao inverso dos versos de Chico, o fascismo foi se desenhando, seu ovo sendo aquecido, seus filhotes sendo gestados, aquinhoados e alimentados... e ficamos lerdos, achando que aquilo tudo não ia resultar em nada, tinha sido no “máximo” um pic-nic cívico de uma “galera” que viu nas ruas um “novo”  jeito de se fazer ouvir.

Agora começam a surgir, aqui e ali, episódios de “justiçamentos” e lixamentos e ficamos perplexos a nos perguntar: Como isso pode estar acontecendo no Brasil?

Minha teoria: a mesma “multidão” que foi pras ruas em 2013, e que está prontinha novamente pra outro “embate” de Junho vindouro em diante, embalada pela falácia escrotinha da Globo de que a rua é a “maior arquibancada do Brasil” defende esse tipo de comportamento doentio, esses justiçamentos e linchamentos, afinal o Brasil está um “kaos generalizado de criminalidade e corrupção” e é necessário passar-se o “país a limpo” o “quanto antes”... sim eles, e quem de fato está por trás comandando e orientando, têm pressa...

Não vou me surpreender se entre as próximas vítimas de linchamentos e justiçamentos estiverem membros e simpatizantes dos partidos de esquerda, notadamente do PT e do PC do B ou de movimentos sociais autênticos como o MST ou dos que lutam pela igualdade racial.