Um ótimo texto que o Nassif publicou:
Os truques na edição jornalística
Enviado por luisnassif, sab, 14/04/2012 - 22:46
Por Alexandre Tambelli
Deu na telha, após ler um comentário aqui no Nassif de enumerar
situações que acontecem no telejornalismo da Rede Globo. Como estamos
falando do Poder da velha mídia vou postá-las aqui. Foram feitas de
lembranças e a partir das ideias difundidas aqui no Blog e em outros
blogs e portais da "mídia alternativa". FALTA MUITA COISA, MAS CREIO
QUE VALE POSTAR.
A seletividade da denúncia e da informação na Rede Globo sempre existiu. (Eu não assisto mais a Rede Globo).
Métodos básicos, que sempre assisti nos seus telejornais
(lembrando-me, de memória, do tempo em que assistia com meu pai, já
falecido, e em locais públicos, onde acabo assistindo A Rede Globo,
porque está a TV ligada no canal):
1. Seleção. Corrupção no Governo, hospitais
públicos com pessoas em leitos nos corredores, obras superfaturadas,
etc. só existem, praticamente, nos Governos que ela não apoia; Os
telejornais da Rede Globo selecionam os estados das matérias. Quanto
mais perto das eleições mais evidente fica este modo de agir. Elogios
são para administrações do DEM, PSDB, PPS e demais opositores do
Governo Federal. Toda a reportagem negativa está situada em um Estado
que ela não apoia ou na técnica de mostrar problemas em obras ou
estabelecimentos "FEDERAIS" no Estado oposicionista.
Na eleição passada, vendo o Jornal Nacional, próximo do dia do voto,
observei uma reportagem, apontando problemas estruturais no Hospital
São Paulo da capital paulista, ele é administrado pelo Governo federal,
pois, pertence à Unifesp - Universidade Federal de São Paulo. Fica a
impressão de que a Rede Globo faz reportagens investigativas, denúncias
em todos os estados e que só se encontram erros em obras e
estabelecimentos do Governo Federal no Estado de São Paulo.
1.1. Seleção do comentarista. Todo comentarista e especialista
defende a mesma posição. A emissora tem um grupo de pessoas, que
revezam nos seus microfones. Eles aparecem umas 8, 10 vezes ao ano,
para dar uma disfarçada. No Jornal Nacional, de vez em quando via um
Economista, homem de estatura média para alta, utilizava óculos, cabelo
branco, peso normal e fala mansa. Vinha para dar respaldo a toda tese
econômica da emissora.
1.2. Seleção da pergunta. Todo apresentador e repórter tem um tipo
de pergunta e de atitude para com o entrevistado. Se for seu aliado,
ameniza todas as críticas e faz perguntas para "encher a sua bola". Se
tiver outro pensamento político, aterroriza nas perguntas, não dá
trégua ao entrevistado e busca emparedá-lo.
Em 2010. É só lembrar o tratamento dado pelo JN e seus
apresentadores, nas entrevistas da campanha eleitoral. A DILMA quase
foi fuzilada pelo apresentador e o SERRA parecia íntimo da casa.
1.3. Seleção do momento de exposição. Alguns políticos, opositores
às ideias da emissora, tem vez e voz na Rede Globo, em determinados
momentos.
Se surgir uma denúncia contra o Governo Federal, um político da
extrema-esquerda pode ser entrevistado, para falar mal do Governo. Não
para expor suas ideias, estas não possuem espaço nos microfones da
emissora.
Se for útil, em determinado momento, a exposição de um político e
suas ideias, de um movimento social contrário às suas ideias, a
emissora aceita sua presença diante de seus microfones, e depois, ao
bel-prazer a emissora colocará o político ou o movimento social em
total descrédito, como é o caso do MST, que do nada ficou, respeitado e
conhecido no Brasil todo, por uma novela e foi para as páginas
policiais da emissora algum tempo depois.
Como é o caso da Marina Silva e da Heloísa Helena, espécies de
"quarentena" da emissora para atacar seus opositores, por terem saído
do PT, seus adversários máximos, segundo a lógica da emissora. Quando
precisaram delas para atacar o Governo LULA foi só tirá-las da
quarentena e colocar na caixa de entrada. Depois, é só jogá-las na
quarentena novamente. Marina Silva, que teve até suas ideias políticas
veiculadas, para tirar votos de Dilma Rousseff em 2010.
2. Omissão. Quando existe uma denúncia grave de corrupção no
Governo, seu aliado, diz-se o nome do denunciado, mas se evita falar a
sigla partidária; ou simplesmente, ignora-se o fato. E ainda, se acusam
envolvidos, o Governante é poupado; já na corrupção dos seus
opositores, o Governante opositor, tem partido e é suspeito de
prevaricação.
Certo dia no Jornal local da noite, assisti no médico, houve duas
reportagens distintas, com dois prefeitos que foram pegos em atos
ilícitos. Um recebia propina, outro não prestara socorro a vitima que
atropelou e, ainda, tentou subornar o delegado para sair da cadeia. O
prefeito da propina era do PMDB (a reportagem veio antes e o
apresentador do telejornal falou a sigla do partido); o da omissão de
socorro não foi dito o partido dele. Como sou curioso e atento eu fui à
internet e vi, era do PSDB. PMDB - aliado do Governo Federal; PSDB -
oposição.
Obras inauguradas da oposição têm partido, belas imagens, sorrisos e
discurso; quando é do Governo federal geralmente a Globo não anuncia,
como foi o caso da criação do SAMU 2003, em que mostraram o LULA em uma
fábrica automotiva do ABCD paulista discursando, mas não disseram o que
ele tinha ido fazer lá: criar o SAMU; ou no caso da inauguração em
SUAPE, Pernambuco, do Petroleiro Almirante Negro, um momento histórico
de recuperação da Indústria Naval brasileira, que não foi motivo de
reportagem para a Rede Globo.
3. Edição. Escolha de imagens para ilustrar um ponto de vista da
emissora. Subjetividade e propaganda subliminar. A técnica dessa
emissora é apurada.
Lembro-me da eleição de 1989, onde, na véspera da eleição, colocaram
a imagem do Collor sentado em uma poltrona de couro, dentro de uma
biblioteca, lendo um livro; e colocaram a imagem do LULA jogando bola
na rua com o filho. Mais editado impossível, aquele era homem culto,
preparado, este, um ignorante, que ocupa seu tempo livre jogando bola e
pouco preocupado com o cargo que pleiteava de Presidente da República.
Na última eleição, calhou de estar na padaria comendo Pizza, bem na
hora do JN. E era uns três dias antes da eleição. Outra edição.
Aparecia a DILMA toda suada em cima de uma caminhonete, de baixo de um
sol enorme - parecia uma pessoa desesperada a caça de votos; enquanto
isso o SERRA aparecia numa moderna sala de reuniões, discutindo
"questões importantes" com uma bela assessora, se não falha a memória,
sobre o escândalo da licitação combinada do metrô. Moral da história,
idêntica a de Collor e de LULA - o SERRA com a imagem de quem decide as
coisas, um homem preparado, sábio e sanando questões de corrupção; a
DILMA, em desespero, buscando um último suspiro para ganhar alguns
votos, uma candidata derrotada.
4. Divisão. Outro truque da Rede Globo é o truque da divisão. Ela
coloca o Brasil, quando não gosta de uma decisão do Governo Federal em
âmbito internacional, ao lado dos países que ela considera ser
ditaduras, sempre as mesmas: Cuba, Venezuela e Bolívia (principalmente)
+ o Irã, País da Ásia. Em um assunto que casa as posições desses três
países e a do Brasil, dá-lhe divisão. De um lado a Europa, os Estados
Unidos e o Japão; do outro o Brasil e as supostas ditaduras.
Pense em qualquer tema: o Irã e a bomba atômica. Quando o Brasil, no
Governo LULA, defende que o Irã poderia utilizar a energia nuclear para
fins pacíficos, fomos colocados no grupo dos países que defendem
ditaduras e citaram os três países de sempre, como, também, partidários
do direito do Irã utilizar do enriquecimento do urânio para a produção
de energia nuclear. Nesse truque existe a omissão inclusa. Países como
Israel, já possuem, até a bomba atômica, e são uma ameaça à paz no
Oriente Médio, e não existe nenhuma menção do fato e grita para com
eles, talvez, porque são aliados dos Estados Unidos.
É clássico o que vou dizer: em Países da África e a da Ásia há
ditaduras, se forem aliados os Governantes aos Estados Unidos, mesmo
que seja uma ditadura sanguinolenta, a Rede Globo não coloca estes
Países no grupo seleto das ditaduras, omite ou fica do lado do Ditador.
E a técnica da divisão tem o truque da não citação. Se Países de
distintas bandeiras políticas possuem uma posição semelhante em
determinado assunto e a Rede Globo tem outra, se calhar de fazer uma
reportagem dirá assim: Brasil, Cuba, Venezuela, Grécia (está caindo
pelas tabelas, inclui para dar um ar de diversidade) são favoráveis;
Japão, EUA, Dinamarca são contrários. Só que no grupo em que se
encontra o Brasil, podem estar: França, Alemanha, Canadá e a Rede Globo
engambela quem assiste o seu telejornal, omitindo a informação. Fica
sempre parecendo que o Governo do PT está do lado de ditaduras e/ou de
países subdesenvolvidos.
5. Acusação. A emissora decide fazer uma acusação grave contra uma pessoa, partido político, etc.
Exemplo: um Ministro de Estado. O acusado se tem direito de
resposta, não é o último a falar. Vem depois dele a personalidade que
respalda a acusação. Geralmente, colocam um político da oposição. As
figuras "carimbadas" - os "supostamente" paladinos da moralidade e
incorruptíveis, de sempre, aqueles políticos que vivem dos holofotes da
mídia, para referendar a matéria acusativa. O acusado, por exemplo, de
corrupção, está, quase sempre, numa pose desesperada e quem respalda a
notícia (o último a falar) muitas vezes aumenta a voz e diz: - são
fatos gravíssimos e devemos apurar o mais breve possível! Já parece, de
antemão, o julgamento final e a culpabilidade do acusado.
6. Reputação. É clássico na emissora o derrubar de reputações por
interesses escusos. Eles dão aos seus opositores políticos um
tratamento desrespeitoso.
Quando quiseram atingir o Governo Dilma, as ONGS e por tabela o
PCdoB, dá-lhe atacar o Ministro Orlando Silva por todos os lados, sem
nenhuma prova contundente. É interessante, que jogam a reputação da
pessoa, partido político, País, etc. no chão, sem o menor
constrangimento. E qualquer acusado fica marcado como corrupto e mesmo
que consiga provar sua inocência e honestidade a Rede Globo não faz
nenhuma retração pública.
No quesito reputação é praxe se dizer: Fidel castro, Evo Morales,
Hugo Chaves são uma ameaça para a Democracia. Insistem, nos mesmos
inimigos, dia e noite. E vivem propalando que qualquer tentativa de se
buscar uma moralização da Profissão de Jornalista em suas redações,
tendo um código de ética e conduta, uma Lei que garanta ao acusado, o
direito de resposta às acusações; que as reportagens se pautem pela
verdade dos fatos; que sejam realizadas de uma maneira correta, sem
ilicitudes, com o equilíbrio da informação, não tendendo a mostrar a
ilicitude só de seus opositores seria um cerceamento à liberdade de
expressão e uma afronta à Democracia.
7. Investigação. Quando um político opositor aos seus interesses é
acusado de algo, imediatamente a Rede Globo repercute, investiga e
condena de antemão; mas quando se trata de um aliado político ela não
condena, de antemão, e coloca alguém para falar: - só ao término do
inquérito policial, do Processo na Justiça é que poderemos dizer se o
Réu é culpado ou inocente.
Geralmente, a emissora, desqualifica a denúncia e dá toda voz do mundo para o acusado se defender.
8. Postergação. Um fato de relevância pulula no País e investigações
e mais investigações acontecem. A população toma partido e fica do lado
da oposição às suas convicções e parceiros, a Rede Globo finca o pé nas
suas convicções até o instante que não dá mais para segurar, então, ela
posa de partícipe da causa defendida pela população, a um bom tempo.
Nas Diretas Já e no impeachment do Collor demorou a estar do lado
vencedor. E será assim, na CPI do Cachoeira. Quando ela sentir que não
dá mais para defender o indefensável, irá posar de defensora da verdade
desde o limiar do fato e execrar os culpados, que até bem pouco tempo,
eram defendidos ardorosamente.
9. Criação. Uma ideia, um personagem é criado no decorrer do tempo. Os dois, ideia e personagem caminham juntos.
A. Vai sendo moldada uma ideia: a do Mensalão do PT, do PT criador
de dossiês contra a oposição, etc. Ideia - mensalão, personagem - PT.
B. Vai sendo moldado um político: Collor, o caçador de marajás;
Serra, o grande gestor, criador dos medicamentos genéricos, etc. Ideia
- Caçador de marajás, personagem - Collor. Ideia - grande gestor,
personagem - serra.
9.1. Apartação. A ideia e o personagem podem ser abandonados no decorrer dos meses, anos.
Exemplos clássicos de apartação: o caso do Senador Demóstenes Torres
e do Ex-senador José Inácio Arruda, além do Ex-presidente Fernando
Collor. Do nada, a intimidade da emissora com o personagem desaparece e
o mesmo some de seus holofotes. Parece que o personagem só serve para
garantir os interesses de momento da emissora, são como robôs,
descarta-se se tornar obsoleto. E ao haver a apartação, outro
personagem ocupa o espaço daquele que não serve mais à emissora.
10. Diferenciação. Tratamento desigual para situações semelhantes.
Cai um enorme temporal com várias vítimas fatais, em dois estados
distintos, um de seu aliado político outro de um opositor às suas
ideias. O tratamento é diferenciado.
Em 2010 choveu uma barbaridade na cidade de São Paulo e na cidade de
Niterói. Em São Paulo, o Governador sequer apareceu para dar
entrevistas, visitar os locais afetados, após as enormes enchentes nas
avenidas marginais e outros locais. A Rede Globo culpou as chuvas
torrenciais e a população pelas enchentes, por jogar lixo nas ruas. A
emissora não exigiu do Governador, seu aliado, explicações para o
ocorrido e nem reclamou de sua conduta, um tanto estranha, de se
esquivar de ir aos locais afetados.
Já na cidade de Niterói que fica no Estado do Rio de janeiro, o
Governador do Estado, opositor da Rede Globo, foi acusado dos
transtornos, das enchentes e das mortes ocorridas, naquele ano, por
exemplo, no Morro do Bumba, onde aconteceu grande tragédia. Foram
pedidas explicações imediatas para ele das chuvas e não se utilizou em
defesa do governador do Rio de janeiro, a quantidade de chuvas e nem o
lixo jogado pelos moradores da cidade, bem como a população não foi
considerada culpada.
No Rio de janeiro parecia um jornalismo policialesco, o fato ocorreu
pelo descaso do poder público. Em São Paulo, a culpa foi de São Pedro.
Aqui cabe o tratamento desigual da notícia e do acusado. Os 3 mil
reais de propina do Waldomiro valem muito mais que os 1,4 bilhões de
reais desviados da Sudene no Governo FHC, seu aliado, e o primeiro
caso, merece muito mais apuração, mais reportagens da emissora, só pelo
fato de ser uma corrupção que pode incriminar e desmoralizar seus
opositores.
11. Desqualificação e inversão. Se surge uma notícia (denúncia) que
não seja favorável aos seus aliados de momento, a emissora corre logo
para desqualificar a denúncia e provar que não é verdade o que está
sendo denunciado. A Rede Globo pode até inverter a situação, acusar
quem fez a denúncia e provar a inocência do denunciado.
Na Operação Monte Carlo está bem claro este processo. Pegaram o
Deputado Protógenes Queiroz e começaram a acusar a pessoa que primeiro
quis investigar numa CPI o Cachoeira e suas ilicitudes e tentaram
incriminá-lo como parte integrante do grupo do contraventor.
11.1. Desqualificação com mudança de foco. Se surge uma notícia
(denúncia), impossível de ser contestada, muda-se o foco das
reportagens da emissora e aparecem denúncias outras, envolvendo seus
opositores.
Na Operação Monte Carlo está bem claro, também, este processo.
Deputado Protógenes, Governo Federal, Governo do PT do Distrito
Federal, Governo do PMDB do Rio de janeiro são colocados no meio das
denúncias, enquanto os agentes principais são esquecidos. Fica a
impressão de que políticos de todos os partidos estão envolvidos com as
ilicitudes do Carlinhos Cachoeira.
Se não tem como envolver seus opositores na denúncia com provas
robustas, cria-se outra denúncia explosiva, mesmo sem prova alguma, e
centram todas as reportagens nela. Até o esquecimento, quase total, da
denúncia com provas robustas.
12. Associação.
12. Associação. Muito comum esta
ação. Consiste em combinar com aliados da mídia uma pauta para atacar
os opositores da emissora, o inimigo em comum. Um deles solta uma
reportagem em seus meios impressos e sites da net e a emissora
amplifica a reportagem, no Jornal da emissora, iniciando principalmente
no Jornal Nacional, onde a audiência é a maior de todas. Então, a
denúncia fica amplificada e em toda parte se repercute o que foi
noticiado.
Pode haver a associação com um político, também,
via horário eleitoral. Esta é uma técnica que consiste em jogar uma
matéria no Telejornal da emissora e que o político associado à
emissora, está pronto para repercutir, seja matéria em seu favor ou
contra os adversários da emissora e do político. Na eleição para
Presidente de 2010 ocorreu, algumas vezes, em horário nobre. E por que
o político está pronto para repercuti-la? Porque a matéria foi feita
por ambas as partes: emissora e político associado.
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