"No período Paleolítico, a
sexualidade feminina era o símbolo máximo de fertilidade. As representações de
deuses possuíam imagem e corpo de uma mulher. O homem desconhecia a importância
de seu papel no nascimento de uma criança e assim a mulher era respeitada como
sendo um ser que proporcionava a vida e a morte. A deusa-mãe era cultuada e o
sucesso do cultivo na lavoura, bem como o cultivo do alimento, era atribuído às
influências da deusa da fertilidade.
Desconhecia-se o vínculo entre
sexo e fecundação. Os homens, com o tempo, perceberam que matar os animais para
alimentarem-se causava a diminuição deles. Resolvem, então, domesticá-los,
abandonando assim a caça. Através da observação do homem nas ovelhas é que ele
descobre a contribuição do cordeiro na procriação. É diante desta revelação que
o homem toma para si a concepção da vida através do sêmen e assim, diminui a
importância da mulher que, por sua vez, perde sua autonomia, a liberdade sexual
e sua importância na sociedade.
É neste momento que
acontece uma mudança radical na relação, nos papéis e principalmente nas
mentalidades entre homens e mulheres. O homem passa a enaltecer sua importância
como o detentor da vida através do sêmen colocado na mulher. O macho, enfim,
surge e cultua uma doutrina de virilidade e poder, em que a mulher deve
resignar-se e obedecer. Ao pênis, pompas de um instrumento essencial, que
produz o líquido da vida.
Este é o machismo. Um
fenômeno perpetuado na história, de conceitos de superioridade ideológica e que
vai sustentar um sistema patriarcal que consiste na figura do homem a
centralização de decisões, regras, padrões, normas e condutas. E é na forma de
pensar que se sustenta o machismo, as imposições do opressor e a submissão do
oprimido. O conceito equivocado do sexismo dá a tônica desta disputa.
A “cultura do machão”
criou conceitos e estereótipos de quem são e como devem ser os homens. Não
podem dispensar mulher nenhuma e que devem ser sempre viris. Existe uma
constante preocupação com o pênis e a ereção. Falhar é inadmissível. Devem ser
soberanos e comandar, ser fortes e não demonstrar fraquezas, para tal, devem se
impor, nem que para isso utilizem a violência. Controlar a família e a esposa
são características valorizadas no machão, que enxerga a mulher como sua
propriedade.
O privilégio ao homem
sucumbe a importância da mulher. O curioso é que este conceito de postura
feminina foi por muito tempo considerado o aceito socialmente: submissa,
obediente e subserviente ao marido.
O ideal masculino ainda é
perseguido pela maioria dos homens. Eles devem ser fortes, austeros, viris, ter
sucesso, ousadia e, sobretudo, serem bons de cama. Para se alcançar este ideal
de superioridade, homens baseiam-se no controle e na manipulação, impedindo a
argumentação do outro. A violência física é consequência da violência
emocional, que começa com um olhar de desprezo, intimidações e coerções.
Diante de todas estas
exigências e cobranças da sociedade, os homens, hoje, dão sinais evidentes de
cansaço e insatisfação em manter este papel do machão, se libertando cada vez
mais. Esta máscara foi usada durante tanto tempo que fez com que os homens
esquecessem-se de quem de fato são.
Possuem necessidades, assim, como as mulheres
e como tal são sensíveis, frágeis, amorosos e podem demonstrar seus sentimentos
sem nenhum constrangimento. Este é o homem de verdade e que dispensa aspas. Ele
não se coloca igual a mulher, porque, de fato, seu lugar sempre foi ao lado
dela. Respeita e reconhece o espaço feminino. O homem de verdade dá e recebe,
sem precisar se impor. Não precisa usar a violência e se vale do diálogo,
buscando o vínculo. Não é onipotente tampouco autossuficiente. Está disposto a
ensinar, mas, principalmente a aprender com a mulher. Não precisa concorrer ou
disputar com outros homens a caverna com suas claves.
A propósito, o homem não
quer ficar na caverna e busca constantemente discutir e se reposicionar na
sociedade, desmistificando a cultura ditatorial do “machão”. Então, sejamos
homens e não machos."
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