Um Ponto de Inflexão ou de ruptura democrática?
Quando, em Junho de 2013, os “anonymous” mascarados e outros quetais foram pras ruas
protestar “contra tudo que está ai”, inicialmente insuflados pelo MPL e na
esteira (e fervor do “momento cívico”) pela mídia televisada e escrita e, como
ratinhos e ratinhas teleguiadas, priorizaram como alvo os “políticos”
(principalmente do PT, diga-se de passagem) acompanhando as inserções quase
full-time e em tempo real do Julgamento do “Mensalão Petista” no STF, tribunal
no qual viu-se transformada uma sala de reuniões, onde acontecem embates
jurídicos acalorados e decisões, em anexo descarado da Central Globo de
Produções Jornalísticas...
Quando, ainda em Junho de 2013, essa mesma “massa” do
Gigante Que Despertava começou a depredar ônibus e prédios públicos, com
destaque dado na mesma mídia à depredação, como resultado da “indignação”, pra lá de seletiva e direcionada, do
Itamarati (Governo Dilma) e da sede da Prefeitura Paulista (Governo Haddad)...
Alguns de nós, por ingenuidade ou fervor democrático
exacerbado... talvez... defendemos o que estava se passando:
- era o demonstrativo de inserção política da “nova juventude”
pra uns,
- era uma juventude que “estava sacudindo todas as
instâncias de poder e de estado” pra outros uns (com uma interessante ressalva: não vimos nenhuma faixa de protesto contra o
Poder Judiciário... quem sabe a fantasia midiática, cotidianamente veiculada e enaltecida, em cima da "aura corretíssima" do Joaquim Barbosa,
o justiceiro mor, tenha contribuído pra isso),
- era uma “demanda por melhores serviços públicos
(inicialmente o transporte) que se ampliou” pra outros e outros...
Quando, tempos depois, se atirou um explosivo contra um
cinegrafista, matando-o no exercício da profissão quando noticiava-se um
“protesto”...
Quando diariamente se acompanha Marcelo Resende, Bolsanaro e outros e outras menos cotados(as) defenderem
aberta e efusivamente a pena de morte e os justiçamentos como solução para esse
“kaos” em que se transformou a criminalidade no Brasil...
Como diz Julinho de Adeláide numa das mais geniais páginas
da MBP:
“Lá fora, amor, uma rosa morreu, uma festa acabou, nosso
barco partiu....
O tempo passou na Janela
E só Carolina não viu”
Nós somos, todos, a Carolina ao inverso dos versos de Chico,
o fascismo foi se desenhando, seu ovo sendo aquecido, seus filhotes sendo gestados, aquinhoados e alimentados... e ficamos lerdos, achando que aquilo tudo não ia
resultar em nada, tinha sido no “máximo” um pic-nic cívico de uma “galera” que
viu nas ruas um “novo” jeito de se fazer
ouvir.
Agora começam a surgir, aqui e ali, episódios de
“justiçamentos” e lixamentos e ficamos perplexos a nos perguntar: Como isso
pode estar acontecendo no Brasil?
Minha teoria: a mesma “multidão” que foi pras ruas em 2013,
e que está prontinha novamente pra outro “embate” de Junho vindouro em diante, embalada pela falácia escrotinha da Globo de que a rua é a “maior arquibancada do Brasil” defende esse tipo de comportamento
doentio, esses justiçamentos e linchamentos, afinal o Brasil está um “kaos
generalizado de criminalidade e corrupção” e é necessário passar-se o “país a
limpo” o “quanto antes”... sim eles, e quem de fato está por trás comandando e
orientando, têm pressa...
Não vou me surpreender se entre as próximas vítimas de
linchamentos e justiçamentos estiverem membros e simpatizantes dos partidos de
esquerda, notadamente do PT e do PC do B ou de movimentos sociais autênticos como o MST ou dos que lutam pela igualdade racial.
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