terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Veja e sua noção de jornalismo investigativo

Do blog de José Dirceu:

“Veja atenta contra os princípios democráticos


Publicado em 27-Ago-2011


Depois de abandonar os critérios jornalísticos e a legalidade, a revista Veja abriu mão também dos princípios democráticos.


A matéria de capa desta semana foi realizada no mais clássico estilo de polícia privada, a serviço dos setores que a Veja representa. Viola o princípio constitucional da intimidade e infringe o Código Penal. Ignora o direito a julgamento e condena previamente.


A matéria é um amontoado de invenções e erros.


A revista obteve, não se sabe como, imagens do corredor do hotel onde me hospedo em Brasília. Com a relação de todas as pessoas que recebi, passou a questionar a todos sobre os motivos de se encontrarem comigo.


Os questionamentos não tinham como objetivo a apuração jornalística. A tese da revista de que conspirávamos contra o governo da presidenta Dilma já estava pronta. O objetivo era apenas o de constranger.


Manipulação dos fatos


Para tentar dar consistência à sua tese, Veja manipula os fatos para fazer o leitor crer que atuei para que Antonio Palocci deixasse a Casa Civil. Afirma, por exemplo, que três senadores petistas saíram da reunião comigo e, horas depois, recusaram-se a assinar uma nota em apoio a Palocci.


Uma rápida pesquisa no noticiário mostra que a reunião da bancada a que a matéria se refere ocorreu antes de meu encontro com os senadores. Às 15h30, os sites de notícia já divulgavam o resultado do encontro. Minha reunião, segundo a própria Veja, ocorreu às 15h52 e durou mais de 50 minutos.


Ontem, em nota no blog, denunciei a tentativa de um repórter da Veja de invadir meu quarto no hotel (leia mais). O jornalista Gustavo Ribeiro se hospedou em apartamento próximo ao meu, aproximou-se de uma camareira e, alegando estar hospedado na minha suíte, simulou que havia perdido as chaves e pediu que a funcionária abrisse a porta. Ela se recusou e comunicou o fato à direção do hotel, que registrou a tentativa de violação de domicílio em boletim de ocorrência no 5º Distrito Policial.


Outra tentativa frustrada de golpe


A reportagem da Veja tentou ainda outro golpe. O mesmo repórter fez-se passar por assessor da Prefeitura de Varginha, insistindo em deixar no meu quarto "documentos relevantes". Disse que se chamava Roberto, mas utilizou o mesmo número de celular que constava da ficha de entrada do hotel que preencheu com seu verdadeiro nome. O golpe não funcionou, porque minha assessoria estranhou o contato e não recebeu os tais “documentos”.


Reafirmo: Deixei o governo, não sou mais parlamentar. Sou cidadão brasileiro, militante político e dirigente partidário. Essas atribuições me concedem o dever e a legitimidade de receber companheiros e amigos, ocupem ou não cargos públicos, de qualquer partido, onde quer que seja, sem precisar dar satisfações à Veja acerca de minhas atividades.


Todas minhas atividades são públicas. Viajo pelo país, sou recebido por governadores, prefeitos, parlamentares, lideranças e, principalmente, pela militância petista. Dou palestras e realizo debates, articulo e participo da vida política do país, como dirigente do PT e cidadão. Não tenho nada a esconder.


Campanha contra mim não tem limites


A revista tem o claro objetivo de destruir minha imagem e pressionar a Justiça pela minha condenação. Sua campanha contra mim não tem limites. Mas a Veja não fere apenas os meus direitos. Ao manipular fatos, ignorar a Constituição, a legislação e os direitos individuais, a revista coloca em risco os princípios democráticos e fere toda a sociedade."



Mais uma para a coleção dos absurdos que essa mídia porca vem produzindo.

Em 8 meses do Governo Dilma já tivemos:
- A "crise" da substituição de ministros;
- Manchetes adjetivando Dilma como desnorteada ou, em outra ponta, autoritária;
- Tentativa de reedição do kaozaéreo, com direito até a um teco-teco (no Fantástico) ilustrando uma matéria sobre os perigos de se voar nos céus brasileiros, que gerou uma nota da FAB desmentindo um a um os argumentos toscos e tecnicamente mentirosos da reporcagem;


Para a revistinha, e seus irmãos em sangue do PIG, nada disso é crime:

- Invadir privacidade alheia;
- Bisbilhotar a vida de Ministros de Estado ou Presidentes de Estatal (Gabrielle e Pimental estão entre os filmados pela reporcagem);
- Fazer ilações sobre o conteúdo das conversas entre Dirceu e os outros "conspiradores" anti-Dilma (sim, num trecho da reporcagem a revista afirma que o ex-deputado montou um governo paralelo e conspira contra Dilma Roussef);
- Usar meios ilegais para obter imagens não autorizadas de pessoas, uma vez que o hotel nega que as fotos da reporcagem tenham sido obtidas do seu sistema de monitoramento, ou seja, é provável que o tablóide tenha plantado câmeras no corredor do Hotel Naum (em Brasília) para consubstanciar sua matéria "bombástica" e "investigativa" de araque.