quinta-feira, 26 de abril de 2012

O novo código florestal e o RN

Não há o que se comemorar com a aprovação do Novo Código Florestal, ganhou o lobby mafioso dos ruralistas, Ronaldo Caiado soltando aquele sorriso cínico de quem deu mais uma patada escrota no povo brasileiro é a imagem mais eloquente desse episódio.

No Rio Grande do Norte, caso se mantenha a matéria aprovada na Câmara, deu-se um salvo conduto aos devastadores ambientais de sempre: os donos das salinas e os produtores de camarão, que comemoram, juntamente com a Deputada Federal Sandra Rosado (PSB) os "adendos" que foram aprovados juntamente com o novo código que lhes dão total liberdade de fazerem o que quiserem em nome do "desenvolvimento" econômico do estado, desenvolvimento esse que só engorda suas contas bancárias e trás pouco ou quase nenhuma contrapartida favorável aos potiguares.

Na prática manteve-se o modelo atual, que dá liberdade a esses "empreendedores" de destruir manguezais e afins, tudo em nome do mercado exportador (o grosso do faturamento das salinas e camarões)

É sempre bom salientar que nas salinas e nas fazendas de camarão impera o sub-emprego e a quase escravidão da mão de obra utilizada, tudo isso a olhos vistos dos organismos fiscalizadores do Estado e da União, e por que? Simples, o poderio econômico e influência politica desses senhores é muito forte.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

A porca-mídia e a CPMI que não aconteceria...

A cafajestice do comportamento da porca-mídia na "cobertura" da CPMIda Veja-Cachoeira-Demóstenes não mede esforços para blindar os amiguinhos do peito.

Disseram até ontém em unissono que o governo (Dilma) e o PT não queriam a CPMI, que a iniciativa partiu de Lula, a contragosto do "poste", a tal tese da vingança.

Vendo que a comissão seria de fato instalada, começaram a centrar o noticiário na Delta Construções, empresa que tem "muitos contratos com o Governo Federal" (a Globo repete isso a cada 5 seg de qualquer inserção sobre o caso), some o nome de Demóstenes como operador do esquema... hoje no Bom (?) Dia Brasil ele apareceu, sempre bem enquadrado pelos camera-mans dos marinhos, no senado recebendo afagos dos colegas do parlamento; Cachoeira, através de sua advogada de defesa, diz que é inocente de tudo, vai provar isso, e que tudo que deseja é recuperar o respeito e o prestígio que tinha em Goiás (e talvez no STF-Senado) como empresário de sucesso.

Em nenhuma vírgula ou pixel da Folha, Globo, Estadão, a óia é citada, quando muito eles dizem que há "indícios" da participação de algum jornalista.Ai vem ACMzinho e Alvaro Dias, a cereja do bolo da Globo e cia, bradando que o governo não quer a investigação mas que a oposição vai brigar pra que ela ocorra... alem de mentirosos eles são cínicos e cínica até a próstata ou o óvulo.

O jogo da mídia é evidente: proteger a todo custo a Veja, Civita e Policarpo, principalmente, e iniciar a blindagem do DEMOcratas.E a jogatina da oposição começa a ser clareada com essa cascata de "parcerias" que a PF está revelando nas nextelianas e cachoeirais artimanhas de um de seus mais eloquentes e ovacionados Varões de Plutarco de araque.

Coisas pra se fazer

Coisas pra nunca deixar para o dia seguinte:

- Abraçar seu filho;
- Abraçar e beijar sua maravilhosa;
- Dar flores para sua maravilhosa;
- Ouvir Chico Buarque de Holanda;
- Ouvir Hendrix e Bach;
- Respirar, de fato, por pelo menos 15 minutos;
- Dizer do frisson que sua maravilhosa lhe provoca;
- Olhar o Sol pelo menos uma vez;
- Tocar pelo menos um acorde no violão;

- Cantar no banheiro, bom para o pulmão;
- Deixar o riso vir, bom para o fígado;
- Se um choro vier, não o prenda, lágrimas clareiam os olhos e a alma;

domingo, 15 de abril de 2012

Como funciona a ética jornalística da Globo

Um ótimo texto que o Nassif publicou:

Os truques na edição jornalística



Por Alexandre Tambelli
 
Deu na telha, após ler um comentário aqui no Nassif de enumerar situações que acontecem no telejornalismo da Rede Globo. Como estamos falando do Poder da velha mídia vou postá-las aqui. Foram feitas de lembranças e a partir das ideias difundidas aqui no Blog e em outros blogs e portais da "mídia alternativa". FALTA MUITA COISA, MAS CREIO QUE VALE POSTAR.

A seletividade da denúncia e da informação na Rede Globo sempre existiu. (Eu não assisto mais a Rede Globo).

Métodos básicos, que sempre assisti nos seus telejornais (lembrando-me, de memória, do tempo em que assistia com meu pai, já falecido, e em locais públicos, onde acabo assistindo A Rede Globo, porque está a TV ligada no canal):

1. Seleção. Corrupção no Governo, hospitais públicos com pessoas em leitos nos corredores, obras superfaturadas, etc. só existem, praticamente, nos Governos que ela não apoia; Os telejornais da Rede Globo selecionam os estados das matérias. Quanto mais perto das eleições mais evidente fica este modo de agir. Elogios são para administrações do DEM, PSDB, PPS e demais opositores do Governo Federal. Toda a reportagem negativa está situada em um Estado que ela não apoia ou na técnica de mostrar problemas em obras ou estabelecimentos "FEDERAIS" no Estado oposicionista.

Na eleição passada, vendo o Jornal Nacional, próximo do dia do voto, observei uma reportagem, apontando problemas estruturais no Hospital São Paulo da capital paulista, ele é administrado pelo Governo federal, pois, pertence à Unifesp - Universidade Federal de São Paulo. Fica a impressão de que a Rede Globo faz reportagens investigativas, denúncias em todos os estados e que só se encontram erros em obras e estabelecimentos do Governo Federal no Estado de São Paulo.

1.1. Seleção do comentarista. Todo comentarista e especialista defende a mesma posição. A emissora tem um grupo de pessoas, que revezam nos seus microfones. Eles aparecem umas 8, 10 vezes ao ano, para dar uma disfarçada. No Jornal Nacional, de vez em quando via um Economista, homem de estatura média para alta, utilizava óculos, cabelo branco, peso normal e fala mansa. Vinha para dar respaldo a toda tese econômica da emissora.

1.2. Seleção da pergunta. Todo apresentador e repórter tem um tipo de pergunta e de atitude para com o entrevistado. Se for seu aliado, ameniza todas as críticas e faz perguntas para "encher a sua bola". Se tiver outro pensamento político, aterroriza nas perguntas, não dá trégua ao entrevistado e busca emparedá-lo.
Em 2010. É só lembrar o tratamento dado pelo JN e seus apresentadores, nas entrevistas da campanha eleitoral. A DILMA quase foi fuzilada pelo apresentador e o SERRA parecia íntimo da casa.

1.3. Seleção do momento de exposição. Alguns políticos, opositores às ideias da emissora, tem vez e voz na Rede Globo, em determinados momentos.

Se surgir uma denúncia contra o Governo Federal, um político da extrema-esquerda pode ser entrevistado, para falar mal do Governo. Não para expor suas ideias, estas não possuem espaço nos microfones da emissora.

Se for útil, em determinado momento, a exposição de um político e suas ideias, de um movimento social contrário às suas ideias, a emissora aceita sua presença diante de seus microfones, e depois, ao bel-prazer a emissora colocará o político ou o movimento social em total descrédito, como é o caso do MST, que do nada ficou, respeitado e conhecido no Brasil todo, por uma novela e foi para as páginas policiais da emissora algum tempo depois.

Como é o caso da Marina Silva e da Heloísa Helena, espécies de "quarentena" da emissora para atacar seus opositores, por terem saído do PT, seus adversários máximos, segundo a lógica da emissora. Quando precisaram delas para atacar o Governo LULA foi só tirá-las da quarentena e colocar na caixa de entrada. Depois, é só jogá-las na quarentena novamente. Marina Silva, que teve até suas ideias políticas veiculadas, para tirar votos de Dilma Rousseff em 2010.

2. Omissão. Quando existe uma denúncia grave de corrupção no Governo, seu aliado, diz-se o nome do denunciado, mas se evita falar a sigla partidária; ou simplesmente, ignora-se o fato. E ainda, se acusam envolvidos, o Governante é poupado; já na corrupção dos seus opositores, o Governante opositor, tem partido e é suspeito de prevaricação.

Certo dia no Jornal local da noite, assisti no médico, houve duas reportagens distintas, com dois prefeitos que foram pegos em atos ilícitos. Um recebia propina, outro não prestara socorro a vitima que atropelou e, ainda, tentou subornar o delegado para sair da cadeia. O prefeito da propina era do PMDB (a reportagem veio antes e o apresentador do telejornal falou a sigla do partido); o da omissão de socorro não foi dito o partido dele. Como sou curioso e atento eu fui à internet e vi, era do PSDB. PMDB - aliado do Governo Federal; PSDB - oposição.

Obras inauguradas da oposição têm partido, belas imagens, sorrisos e discurso; quando é do Governo federal geralmente a Globo não anuncia, como foi o caso da criação do SAMU 2003, em que mostraram o LULA em uma fábrica automotiva do ABCD paulista discursando, mas não disseram o que ele tinha ido fazer lá: criar o SAMU; ou no caso da inauguração em SUAPE, Pernambuco, do Petroleiro Almirante Negro, um momento histórico de recuperação da Indústria Naval brasileira, que não foi motivo de reportagem para a Rede Globo.

3. Edição. Escolha de imagens para ilustrar um ponto de vista da emissora. Subjetividade e propaganda subliminar. A técnica dessa emissora é apurada.

Lembro-me da eleição de 1989, onde, na véspera da eleição, colocaram a imagem do Collor sentado em uma poltrona de couro, dentro de uma biblioteca, lendo um livro; e colocaram a imagem do LULA jogando bola na rua com o filho. Mais editado impossível, aquele era homem culto, preparado, este, um ignorante, que ocupa seu tempo livre jogando bola e pouco preocupado com o cargo que pleiteava de Presidente da República.

Na última eleição, calhou de estar na padaria comendo Pizza, bem na hora do JN. E era uns três dias antes da eleição. Outra edição. Aparecia a DILMA toda suada em cima de uma caminhonete, de baixo de um sol enorme - parecia uma pessoa desesperada a caça de votos; enquanto isso o SERRA aparecia numa moderna sala de reuniões, discutindo "questões importantes" com uma bela assessora, se não falha a memória, sobre o escândalo da licitação combinada do metrô. Moral da história, idêntica a de Collor e de LULA - o SERRA com a imagem de quem decide as coisas, um homem preparado, sábio e sanando questões de corrupção; a DILMA, em desespero, buscando um último suspiro para ganhar alguns votos, uma candidata derrotada.

4. Divisão. Outro truque da Rede Globo é o truque da divisão. Ela coloca o Brasil, quando não gosta de uma decisão do Governo Federal em âmbito internacional, ao lado dos países que ela considera ser ditaduras, sempre as mesmas: Cuba, Venezuela e Bolívia (principalmente) + o Irã, País da Ásia. Em um assunto que casa as posições desses três países e a do Brasil, dá-lhe divisão. De um lado a Europa, os Estados Unidos e o Japão; do outro o Brasil e as supostas ditaduras.

Pense em qualquer tema: o Irã e a bomba atômica. Quando o Brasil, no Governo LULA, defende que o Irã poderia utilizar a energia nuclear para fins pacíficos, fomos colocados no grupo dos países que defendem ditaduras e citaram os três países de sempre, como, também, partidários do direito do Irã utilizar do enriquecimento do urânio para a produção de energia nuclear. Nesse truque existe a omissão inclusa. Países como Israel, já possuem, até a bomba atômica, e são uma ameaça à paz no Oriente Médio, e não existe nenhuma menção do fato e grita para com eles, talvez, porque são aliados dos Estados Unidos.

É clássico o que vou dizer: em Países da África e a da Ásia há ditaduras, se forem aliados os Governantes aos Estados Unidos, mesmo que seja uma ditadura sanguinolenta, a Rede Globo não coloca estes Países no grupo seleto das ditaduras, omite ou fica do lado do Ditador.

E a técnica da divisão tem o truque da não citação. Se Países de distintas bandeiras políticas possuem uma posição semelhante em determinado assunto e a Rede Globo tem outra, se calhar de fazer uma reportagem dirá assim: Brasil, Cuba, Venezuela, Grécia (está caindo pelas tabelas, inclui para dar um ar de diversidade) são favoráveis; Japão, EUA, Dinamarca são contrários. Só que no grupo em que se encontra o Brasil, podem estar: França, Alemanha, Canadá e a Rede Globo engambela quem assiste o seu telejornal, omitindo a informação. Fica sempre parecendo que o Governo do PT está do lado de ditaduras e/ou de países subdesenvolvidos.

5. Acusação. A emissora decide fazer uma acusação grave contra uma pessoa, partido político, etc.

Exemplo: um Ministro de Estado. O acusado se tem direito de resposta, não é o último a falar. Vem depois dele a personalidade que respalda a acusação. Geralmente, colocam um político da oposição. As figuras "carimbadas" - os "supostamente" paladinos da moralidade e incorruptíveis, de sempre, aqueles políticos que vivem dos holofotes da mídia, para referendar a matéria acusativa. O acusado, por exemplo, de corrupção, está, quase sempre, numa pose desesperada e quem respalda a notícia (o último a falar) muitas vezes aumenta a voz e diz: - são fatos gravíssimos e devemos apurar o mais breve possível! Já parece, de antemão, o julgamento final e a culpabilidade do acusado.

6. Reputação. É clássico na emissora o derrubar de reputações por interesses escusos. Eles dão aos seus opositores políticos um tratamento desrespeitoso.

Quando quiseram atingir o Governo Dilma, as ONGS e por tabela o PCdoB, dá-lhe atacar o Ministro Orlando Silva por todos os lados, sem nenhuma prova contundente. É interessante, que jogam a reputação da pessoa, partido político, País, etc. no chão, sem o menor constrangimento. E qualquer acusado fica marcado como corrupto e mesmo que consiga provar sua inocência e honestidade a Rede Globo não faz nenhuma retração pública.

No quesito reputação é praxe se dizer: Fidel castro, Evo Morales, Hugo Chaves são uma ameaça para a Democracia. Insistem, nos mesmos inimigos, dia e noite. E vivem propalando que qualquer tentativa de se buscar uma moralização da Profissão de Jornalista em suas redações, tendo um código de ética e conduta, uma Lei que garanta ao acusado, o direito de resposta às acusações; que as reportagens se pautem pela verdade dos fatos; que sejam realizadas de uma maneira correta, sem ilicitudes, com o equilíbrio da informação, não tendendo a mostrar a ilicitude só de seus opositores seria um cerceamento à liberdade de expressão e uma afronta à Democracia.

7. Investigação. Quando um político opositor aos seus interesses é acusado de algo, imediatamente a Rede Globo repercute, investiga e condena de antemão; mas quando se trata de um aliado político ela não condena, de antemão, e coloca alguém para falar: - só ao término do inquérito policial, do Processo na Justiça é que poderemos dizer se o Réu é culpado ou inocente.

Geralmente, a emissora, desqualifica a denúncia e dá toda voz do mundo para o acusado se defender.

8. Postergação. Um fato de relevância pulula no País e investigações e mais investigações acontecem. A população toma partido e fica do lado da oposição às suas convicções e parceiros, a Rede Globo finca o pé nas suas convicções até o instante que não dá mais para segurar, então, ela posa de partícipe da causa defendida pela população, a um bom tempo.
Nas Diretas Já e no impeachment do Collor demorou a estar do lado vencedor. E será assim, na CPI do Cachoeira. Quando ela sentir que não dá mais para defender o indefensável, irá posar de defensora da verdade desde o limiar do fato e execrar os culpados, que até bem pouco tempo, eram defendidos ardorosamente.

9. Criação. Uma ideia, um personagem é criado no decorrer do tempo. Os dois, ideia e personagem caminham juntos.

A. Vai sendo moldada uma ideia: a do Mensalão do PT, do PT criador de dossiês contra a oposição, etc. Ideia - mensalão, personagem - PT.

B. Vai sendo moldado um político: Collor, o caçador de marajás; Serra, o grande gestor, criador dos medicamentos genéricos, etc. Ideia - Caçador de marajás, personagem - Collor. Ideia - grande gestor, personagem - serra.

9.1. Apartação. A ideia e o personagem podem ser abandonados no decorrer dos meses, anos.
Exemplos clássicos de apartação: o caso do Senador Demóstenes Torres e do Ex-senador José Inácio Arruda, além do Ex-presidente Fernando Collor. Do nada, a intimidade da emissora com o personagem desaparece e o mesmo some de seus holofotes. Parece que o personagem só serve para garantir os interesses de momento da emissora, são como robôs, descarta-se se tornar obsoleto. E ao haver a apartação, outro personagem ocupa o espaço daquele que não serve mais à emissora.

10. Diferenciação. Tratamento desigual para situações semelhantes. Cai um enorme temporal com várias vítimas fatais, em dois estados distintos, um de seu aliado político outro de um opositor às suas ideias. O tratamento é diferenciado.

Em 2010 choveu uma barbaridade na cidade de São Paulo e na cidade de Niterói. Em São Paulo, o Governador sequer apareceu para dar entrevistas, visitar os locais afetados, após as enormes enchentes nas avenidas marginais e outros locais. A Rede Globo culpou as chuvas torrenciais e a população pelas enchentes, por jogar lixo nas ruas. A emissora não exigiu do Governador, seu aliado, explicações para o ocorrido e nem reclamou de sua conduta, um tanto estranha, de se esquivar de ir aos locais afetados.

Já na cidade de Niterói que fica no Estado do Rio de janeiro, o Governador do Estado, opositor da Rede Globo, foi acusado dos transtornos, das enchentes e das mortes ocorridas, naquele ano, por exemplo, no Morro do Bumba, onde aconteceu grande tragédia. Foram pedidas explicações imediatas para ele das chuvas e não se utilizou em defesa do governador do Rio de janeiro, a quantidade de chuvas e nem o lixo jogado pelos moradores da cidade, bem como a população não foi considerada culpada.

No Rio de janeiro parecia um jornalismo policialesco, o fato ocorreu pelo descaso do poder público. Em São Paulo, a culpa foi de São Pedro.

Aqui cabe o tratamento desigual da notícia e do acusado. Os 3 mil reais de propina do Waldomiro valem muito mais que os 1,4 bilhões de reais desviados da Sudene no Governo FHC, seu aliado, e o primeiro caso, merece muito mais apuração, mais reportagens da emissora, só pelo fato de ser uma corrupção que pode incriminar e desmoralizar seus opositores.

11. Desqualificação e inversão. Se surge uma notícia (denúncia) que não seja favorável aos seus aliados de momento, a emissora corre logo para desqualificar a denúncia e provar que não é verdade o que está sendo denunciado. A Rede Globo pode até inverter a situação, acusar quem fez a denúncia e provar a inocência do denunciado.

Na Operação Monte Carlo está bem claro este processo. Pegaram o Deputado Protógenes Queiroz e começaram a acusar a pessoa que primeiro quis investigar numa CPI o Cachoeira e suas ilicitudes e tentaram incriminá-lo como parte integrante do grupo do contraventor.

11.1. Desqualificação com mudança de foco. Se surge uma notícia (denúncia), impossível de ser contestada, muda-se o foco das reportagens da emissora e aparecem denúncias outras, envolvendo seus opositores.

Na Operação Monte Carlo está bem claro, também, este processo. Deputado Protógenes, Governo Federal, Governo do PT do Distrito Federal, Governo do PMDB do Rio de janeiro são colocados no meio das denúncias, enquanto os agentes principais são esquecidos. Fica a impressão de que políticos de todos os partidos estão envolvidos com as ilicitudes do Carlinhos Cachoeira.

Se não tem como envolver seus opositores na denúncia com provas robustas, cria-se outra denúncia explosiva, mesmo sem prova alguma, e centram todas as reportagens nela. Até o esquecimento, quase total, da denúncia com provas robustas.

12. Associação. 
12. Associação. Muito comum esta ação. Consiste em combinar com aliados da mídia uma pauta para atacar os opositores da emissora, o inimigo em comum. Um deles solta uma reportagem em seus meios impressos e sites da net e a emissora amplifica a reportagem, no Jornal da emissora, iniciando principalmente no Jornal Nacional, onde a audiência é a maior de todas. Então, a denúncia fica amplificada e em toda parte se repercute o que foi noticiado.
Pode haver a associação com um político, também, via horário eleitoral. Esta é uma técnica que consiste em jogar uma matéria no Telejornal da emissora e que o político associado à emissora, está pronto para repercutir, seja matéria em seu favor ou contra os adversários da emissora e do político. Na eleição para Presidente de 2010 ocorreu, algumas vezes, em horário nobre. E por que o político está pronto para repercuti-la? Porque a matéria foi feita por ambas as partes: emissora e político associado.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

A operação abafa em pleno curso

Como é pesado, insano e perigoso esse jogo da mídia pró Demóstenes-Cachoeira.

O JN e JH agora só falam do DF, ontem foi a construtora Delta e Agnelo Queiróz, hoje no início da tarde (Jornal Hoje) as investigações sobre a morte de pacientes num hospital de uma Cidade Satélite do DF, investigação essa, que segundo  Sandra Annenberg foi motivada por denúncias do JN (ou seja, o MP do DF também é pautado pelos marinhos); não estou dizendo que é correto morreram 13 pacientes em um hospital, o que me revolta é a descarada seletividade da Globo em divulgar esse tipo de notícia, para a opinião pública que acretida piamente neles (nos apresentadores e nos telejornais dos marinhos) somente em estados governados por pessoas da base aliada de Dilma acontece essa tragédia... São Paulo e Minas devem ser um paraíso no tocante à saúde e gestão pública (sem corrupção, sem mortes em corredores de indigentes) uma vez que se a Globo e a Veja não divulgarem, o fato não aconteceu.

E tem a vertente porra-louca-chantagista, a Folha está se prestando a esse papel; a chamada "CPI do caso Cachoeira preocupa Dilma e divide bancada do PT" escancara isso, o dócil leitor e fá do jornal ao lerem isso devem estar pensando:

1) Deve existir na Folha um paranormal, pra lá de antenado, que invade a seu bel prazer o cérebro de Dilma Roussef, minerando de lá os mais íntimos pensamentos da presidenta, sim, porque em nenhuma fala nesses dias ela se manifestou sobre os acontecimentos e, eu acredito, ela sabendo a gravidade do episódio, talvez nem com a Gleise Hoffman ou Mirian Belchior ou Graça Foster (mulheres, portanto, confidentes preferenciais) tenha ainda conversado a respeito em público.

2) Boa parte do PT e da base aliada devem estar envolvida até os últimos cabelos do nariz nessa patifaria do cachoeirodemoduto, dai essa conclusão brilhante de que CPI do Cachoeira (que poderá também, quem sabe, a ser chamada CPI da Veja-Mídia) está dividindo a bancada do partido. Engraçado que o PT deve conter um monte de idiotas em Brasília que, mesmo sabendo de tudo o que a mídia tem aprontado contra Lula - Dilma nos últimos 9 anos, corre pra dar declarações exatamente à Folha de São Paulo... idiotas ou agentes infiltrados, eu diria.

Mas não acredito em mea-culpa da midiona, nem agora nem no futuro, eles irão até o fundo do esgoto (ou do destino final e nojento da cachoeira) alimentando seus lobotomizados com essas versões tipo "nuvem cinzenta" pra defender seus interesses (no caso, principalmente, a co-irmã e parceira golpista Veja) e também mostrar o quão é ilibada e imaculada a aura de figuras sublimes como Demóstenes Torres, Pirillo e Gilmar Mendes Dantas.

Sabem que ainda dominam corações e mentes de pelo menos uns 20% da população politicamente ativa, é com isso que eles contam pra virar o jogo em favor de sumidades como José Serra ou Aécio Neves ou Luciano Huck em 2014, e ai reiniciar a "redenção" do Brasil na direção dos bons ventos de antes de 2003.

Sentiram o golpe, mas estão se fingindo de desentendidos.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Tomara que saia mesmo...

Eloi Pietá defende CPI do Cachoeira

Agir no caso Demóstenes antes que o abafem

por Elói Pietá*, no site do Partido dos Trabalhadores
 
O PT e as forças progressistas precisam agir de imediato, pois está em curso uma tentativa de acabar logo com o caso Demóstenes & Cachoeira. Para muitos é incômodo discuti-lo. Vai atingir bastante gente por comissão ou omissão. Faz três anos que a Polícia Federal apresentou provas consistentes à Procuradoria Geral da República, agora reforçadas. Não dá para acreditar, num país em que vaza tudo o que é sigiloso, que era segredo a relação entre Demóstenes e o chefe de uma organização criminosa. Além disso, era notória no meio político de Goiás, a antiga amizade do senador com o bicheiro e as estreitas relações que este mantinha com o suplente de Demóstenes no Senado e principal financiador legal de sua campanha eleitoral. Deste círculo participavam deputados, secretários de Estado, prefeitos, delegados da polícia federal e estadual, oficiais da polícia militar, juízes, a chefe de gabinete do governador Marconi Perillo, e o próprio governador, de quem adquirira a casa em que morava quando foi preso.

Talvez a Procuradoria Geral da República e os governistas inibiram-se com as vacinas que a oposição e a grande mídia vieram sistematicamente injetando na sociedade contra a investigação de atividades ilícitas de membros da oposição, taxando-a de produção de dossiês e de perseguição política.

Logo que veio a público a existência, na mesma pessoa, de outro Demóstenes, aliado do crime organizado e da corrupção sistemática, o DEM quis logo ver-se livre de seu líder, por longos anos alçado a herói da luta contra a corrupção, cogitado para ser candidato a presidente da República ou vice da candidatura do PSDB. Os outros partidos de oposição mostraram-se perplexos e cautelosos, também porque tem políticos seus envolvidos no mesmo esquema.
Os poucos editoriais dos grandes jornais vão na linha de isentar o DEM das ações de sua maior estrela, e até elogiam o partido. O Estadão chegou a misturar Demóstenes com Pimentel e Palocci, como se os casos fossem iguais. A Veja, cujo diretor da sucursal de Brasília falou por telefone cerca de 200 vezes com Cachoeira, preferiu priorizar na capa uma polêmica de dois mil anos sobre o santo sudário. Um importante jornalista de O Globo ensaiou a hipótese de problemas mentais no personagem. A mídia não abriu neste caso uma campanha, como fez no governo Dilma as campanhas pela queda de ministros. Como fez várias no governo Lula, a primeira quando o mesmo Cachoeira filmou um pedido de propina de Waldomiro Diniz, antes deste ir para o governo federal. A mídia até chegou a lançar uma contracampanha, colocando em igual destaque o caso de uma contribuição legal ao PT de Santa Catarina feita por uma empresa fornecedora do Ministério da Pesca.

Cabe a nós do PT e a nossos aliados abrir uma campanha de esclarecimento e dela tirar todas as consequências para a luta contra a corrupção e para a reforma necessária da política brasileira. O que levou o ex-procurador geral de Justiça de Goiás, ex-secretário de Segurança Pública, senador reeleito de brilhante carreira, envolver-se com o crime organizado, e enganar uma nação? Foi o financiamento de suas campanhas, de sua atividade política, de suas ambições políticas? Quem foi beneficiado, quem participou? Quem colaborou no ocultamento de tantas evidências por tanto tempo? E muitas outras perguntas que exigem resposta.

Não será fácil levar esta empreitada adiante porque Demóstenes era um dos principais líderes do projeto conservador de país que se opõe ao projeto reformista em curso. Tem muita gente apoiando seu imediato sumiço da cena. A dupla personalidade política agora revelada, e por ele levada ao extremo, lembra a linha da velha escola udenista, que tem muita força ainda no Parlamento, no Judiciário, na mídia. O udenismo, quando fazia campanha contra a corrupção, escondia, sob a máscara desta campanha, seu objetivo real: assumir o poder para impor uma política elitista no lugar de uma política popular distributiva de direitos, e para substituir o nacionalismo por um alinhamento incondicional aos Estados Unidos. O ‘varre-varre vassourinha’ de Jânio, que veio em sequência na mesma tradição, ao assumir o poder quis dar um golpe na democracia para objetivos similares ao que se assistiu depois de 1964. A ‘caça aos marajás’, que mais tarde elegeu Collor presidente, quando no governo, confiscou as poupanças e quebrou boa parte da indústria com as primeiras medidas neoliberais.

Às forças conservadoras e à oposição que delas faz parte não interessa esclarecer este caso. As forças que defendem com o PT o mesmo projeto de país mais igualitário, mais democrático, e mais soberano tem que se mobilizar para desvelar a extensão desta farsa. Temos uma grande oportunidade para tornar mais clara a política brasileira. Não podemos perdê-la.

*Elói Pietá é titular da Secretaria Geral Nacional do Partido dos Trabalhadores

Os catões virando ratazanas...

Estandarte da hipocrisia


A origem. A oposição a Getúlio nunca arrefeceu, mas o espírito udenista só vingou com o golpe de 64

O senador Demóstenes Torres é uma figura mais emblemática do que ele próprio imagina. Essa derrocada que sofreu, após assumir o papel de guardião da moral pública, tem sido típica da oposição conservadora há mais de meio século.
Caso houvesse um lema na bandeira desses oposicionistas – sem dúvida representada pelo lábaro udenista (foto) – ele seria composto de duas palavras: “Moralidade e Legalidade”, e poderia ser apelidado imediatamente de “Estandarte da Hipocrisia”.
Esse espírito da UDN, hipocritamente moralista e legalista, assombra a democracia brasileira desde a fundação, em abril de 1945. Na esteira da participação militar do País na Segunda Guerra Mundial, os udenistas encarnaram o papel de principal oposição ao Estado Novo. Muita gente, à esquerda e à direita, foi presa e sofreu no cárcere. Não se sabe, no entanto, de nenhum udenista preso ou torturado durante o regime varguista.
Leia também:

No DNA da UDN, além de uma ideologia que varia do conservadorismo ao reacionarismo golpista, consta também a célula de rejeição ao que de melhor fez o ex-presidente Getúlio Vargas. A construção das bases do moderno Estado Nacional e das regras de proteção aos trabalhadores.

Principalmente por essas decisões Vargas pagou com o suicídio, em 1954, quando o arauto da oposição era Carlos Lacerda. Ele segurou o estandarte da moralidade quando criou a expressão “Mar de Lama”, que supostamente corria sob o Palácio do Catete. Nada provado, mas perfeitamente executado e ampliado pelas trombetas da mídia.

Na eleição de 1950, Vargas deu uma surra eleitoral no udenista Eduardo Gomes, um brigadeiro identificado como reserva moral do País. Gomes já tinha perdido, em 1945, para o candidato Eurico Gaspar Dutra, apoiado por Getúlio. Em 1955, a UDN empurrou para o páreo o marechal Juarez Távora. Ele perdeu para Juscelino Kubitschek, que tinha como vice o getulista João Goulart.

A UDN tentou ganhar no tapetão. Renomadas figuras do partido, como Afonso Arinos, tentaram um golpe branco com o argumento, não previsto na legislação, de que JK não havia conquistado a maioria absoluta de votos. Não deu certo.

Em 1960, os udenistas ganharam a eleição presidencial na garupa da vassoura do tresloucado Jânio Quadros. Ele renunciou após sete meses, mas levou a faixa presidencial na esperança de voltar ao poder com o apoio dos militares. Prevaleceu, no entanto, a resistência democrática, comandada por Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul. A esquerda saiu fortalecida do episódio e com a bandeira da legalidade nas mãos.

O udenismo chegou ao poder em 1964. Dessa vez a reboque dos militares, com a deposição de João Goulart. Por uma sucessão de erros políticos do presidente, e com uma parte da esquerda alimentando-se de fantasias revolucionárias, entregou de mão beijada aos golpistas o discurso da legalidade. Era falsa. A legalidade udenista abriu caminho para uma ditadura que durou 21 anos.

O mote da ética levou o espírito udenista, encarnado pelo ex-presidente Fernando Henrique, a propor o impeachment inicialmente e, posteriormente, a renúncia à reeleição ao ex-presidente Lula. Não levaram.

Os conservadores de agora, com o processo democrático fortalecido, sem o discurso da legalidade, acabam de perder a bandeira da moralidade sustentada pela hipocrisia de Demóstenes Torres. Com que bandeira eles vão à luta eleitoral?

_____________________________________________
Maurício Dias na Carta Capital 
http://www.cartacapital.com.br/politica/estandarte-da-hipocrisia/

terça-feira, 10 de abril de 2012

Leu na óia, azar o seu!!!

O denuncismo some da capa da Veja


Por José Augusto, no blog Os amigos do presidente Lula:

Desde que Carlinhos Cachoeira foi preso, no dia 29 de fevereiro de 2012, na operação Monte Carlo da Polícia Federal, a revista Veja já soltou 6 edições, e nenhuma capa é dedicada a denúncias de corrupção.

Mas há uma pauta abundante neste período envolvendo o senador Demóstenes Torres e o governador Marconi Perillo, tratada, sobretudo, pela revista Carta Capital, mas não só por ela. Até o Jornal Nacional tem se dedicado ao tema.

Parece que a revista Veja ficou acéfala no que entende ser "jornalismo investigativo", depois da prisão de Cachoeira e dos arapongas Jairo Martins e Dadá.

Mais do que acéfala, está dando uma enorme bandeira de que tem muito a esconder sobre as relações entre seu editor-chefe Policarpo Júnior e Carlinhos Cachoeira. Segundo Luis Nassif, Policarpo teria trocado em torno de 200 telefonemas com Cachoeira no período investigado.

A revista já admitiu, defensivamente, que Policarpo e Cachoeira trocavam figurinhas. A revista diz que seriam relações legítimas entre jornalista e fonte. Mas como explicar a notória má vontade da revista em noticiar o caso, tendo um jornalista tão íntimo com os intestinos da organização criminosa (segundo o Ministério Público)?

A revista Veja, pródiga em divulgar até grampos ilegais, não revela um único diálogo entre o bicheiro e seu editor-chefe.
___________________

As últimas capas, após o afair Cachoeira-Demóstenes:


Um primor de inocência!!!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Após Demóstenes... a óia vai de "Santo Sudário", a Globo de "Avenida Brasil"...


A midiona se tornou tão golpista e rasteira a partir de 2003 que seus passos são previstos (nos blogs sujos) com anos-luz de antecedência, esse silêncio revelador é pra deixar baixar a poeira, afinal seus queridinhos vestais e catões da caatinga (Agripino) e do cerrado (Demóstenes) e alguns de seus empregados estão envolvidos até o baço nessa sugeirada toda.
E se comportam exatamente como as máfias mais escrotas do mundo: um pacto de silêncio nas horas críticas.
Se bem que quem assina e acredita em cânceres como a inominável merece é isso mesmo: não ser bem informado pra continuar achando que são a nata formadora de opinião do Brasil, e quando o turbilhão passar no nariz deles, entrarem em parafuso... não tenho coragem pra tal, mas dizem que o tio rei e seus fãs estão numa deprê de fazer pena esses dias...
O do jazz do Senado nem se fala, Demóstenes era parceiro preferencial no seu blog, tinha (ou ainda tem) uma coluna na página, pra delírio dos seus leitores.

Depois do cachoeiroduto que molhava Demóstenes, o que será dos DEMOcratas?


As estratégias previsíveis:
1) Sumiço da mídia, vide José Agripino, nos últimos dias nem no RN é mais citado, e a mídia do Rio Grande do Norte é simplesmente uma das mais safadas de todo o Brasil, as famílias proprietárias de jornais e TV's (Maia, Alves, Rosados) se comportam como verdadeiras facções mafiosas, lá o pacto de silêncio pra manter os feudos é levado às últimas consequências;
2) A tática gradativa do camaleonismo, quem sabe uma mudança de discurso e de foco, uma guinada, por ex., para o "desenvolvimento ecologicamente sustentável" ao invés dessa hipócrita cruzada anti-corrupção;
3) Sacramentada a fusão, se houver, um nome que nem de longe lembre tucanos ou araras azuis, lembremos que a linha de tempo resumida da sigla dos DEMOcratas é: UDN - ARENA - PDS - PFL - DEM, quem tem menos de 30 anos dificilmente liga o nome ARENA, e seu papel histórico de sustentação política da ditadura militar, a personagens como Demóstenes ou Bonhausen;

terça-feira, 3 de abril de 2012

Perfil de um reacionário. Você conhece algum ?


Saiu no site da Carta Capital:

Medíocres e perigosos

O reacionário é, antes de tudo, um fraco. Um fraco que conserva ideias como quem coleciona tampinhas de refrigerante ou maços de cigarro – tudo o que consegue juntar mas só têm utilidade para ele. Nasce e cresce em extremos: ou da falta de atenção ou do excesso de cuidados. E vive com a certeza de que o mundo fora da bolha onde lacrou seu refúgio é um mundo de perigos, pronto para tirar dele o que acumulou em suposta dignidade.

Como tem medo de tudo, vive amargurado, lamentando que jamais estenderam um tapete à sua passagem. Conserva uma vida medíocre, ele e suas concepções e nojos do mundo que o cerca. Como tem medo, não anda na rua com receio de alguém levar muito do pouco que tem (nem sempre o reacionário é um quatrocentão). Por isso, só frequenta lugares em que se sente seguro, onde ninguém vai ameaçar, desobedecer ou contradizer suas verdades. Nem dizer que precisa relaxar, levar as coisas menos a sério ou ver graça na leveza das coisas. O reacionário leva a sério a ideia de que é um vencedor.

A maioria passou a vida toda tendo tudo aos alcance – da empregada que esquentava o leite no copo favorito aos pais que viam uma obra de arte em cada rabisco em folha de sulfite que ele fazia – cultivou uma dificuldade doentia em se ver num mundo de aptidões diversas. Outros cresceram em meios mais abastados – e bastou angariar postos na escala social para cuspir nos hábitos de colegas de velhos andares. Quem não chegou onde chegaram – sozinhos, frise-se – não merece respeito.

Rico, ex-pobre e falidos, não importa: o reacionário ideial enxerga em tudo o que é diferente um potencial de destruição Por isso se tranca e pede para não ser perturbado no próprio mundo. Porque tudo perturba: o presidente da República quer seu voto e seus impostos; os parlamentares querem fazê-lo de otário; os juízes estão doidos para tirar os direitos acumulados; a universidade é financiada (por ele, lógico) para propagar ideias absurdas sobre ideais que despreza; o vizinho está sempre de olho na sua esposa, em seu carro, em sua piscina. Mesmo os cadeados, portões de aço, sistemas de monitoramento, paredes e vidros anti-bala não angariam de todo a sua confiança. O mundo está cheio de presidiários com indulto debaixo do braço para visitar seus familiares e ameaçar os nossos (porque os nossos nunca vão presos, mesmo quando botam fogo em índios, mendigos, prostitutas e ciclistas; índios, mendigos, prostitutas e ciclistas estão aí para isso, quem mandou sair de casa e poluir nosso caminho de volta ao lar).

Como não conhece o mundo afora, a não ser nas viagens programadas em pacotes que garantem o translado até o hotel, e despreza as ideias que não são suas (aquelas que recebeu de pronto dos pais e o ensinaram a trabalhar, vencer e selecionar o que é útil e o que é supérfluo), tudo o que é novo soa ameaçador. O mundo muda, mas ele não: ele não sabe que é infeliz porque para ele só o que não é ele, e os seus, são lamentáveis.

Muitas vezes o reacionário se torna pai e aprende, na marra, o conceito de família. Às vezes vai à igreja e pede paz, amor, saúde aos seus. Aos seus. Vê nos filhos a extensão das próprias virtudes, e por isso os protege: não permite que brinquem com os meninos da rua nem que tenham contato com ideias que os retirem da sua órbita. O índice de infarto entre os reacionários é maior quando o filho traz uma camisa do Che Guevara para casa ou a filha começa a ouvir axé e namorar o vocalista da banda (se ele for negro o infarto é fulminante).

Mas a vida é repleta de frestas, e o tempo todo estamos testando as mais firmes das convicções. Mas ele não quer testá-las: quer mantê-las. Por isso as mudanças lhe causam urticárias.

Nos anos 70, vivia com medo dos hippies que ousavam dizer que o amor não precisava de amarras. Eram vagabundos e irresponsáveis, pensava ele, em sua sobriedade.

Depois vieram os punks, os excluídos de aglomerações urbanas desajeitadas, os militantes a pedir o alargamento das liberdades civis e sociais. Para o reacionário, nada daquilo faz sentido, porque ninguém estudou como ele, ninguém acumulou bens e verdades como ele e, portanto, seria muito injusto que ele e o garçom (que ele adora chamar de incompetente) tivessem o mesmo peso numa urna, o mesmo direito num guichê de aeroporto, o mesmo assento na mesa de fast food.

Para não dividir espaços cativos, frutos de séculos de exclusão que ele não reconhece, eleva o tom sobre tudo o que está errado. Sabendo de seus medos e planos de papel, revistas, rádios, televisão, padres, pastores e professores fazem a festa: basta colocar uma chamada alarmista (“Por que você trabalha tanto e o País cresce tão pouco?”) ou música de suspense nas cenas de violência (descontrolada!) na tevê para que ele se trema todo e se prepare para o Armagedoon. Como bicho assustado, volta para a caixinha e fica mirabolando planos para garantir mais segurança aos seus. Tudo o que vê, lê e ouve o convence de que tudo é um perigo, tudo é decadente, tudo é importante, tudo é indigno. Por isso não se deve medir esforços para defender suas conquistas morais e materiais.

E ele só se sente seguro quando imagina que pode eliminar o outro.

Primeiro, pelo discurso. No começo, diz que não gosta desse povinho que veio ao seu estado rico tirar espaço dos seus. Vive lembrando que trabalha mais e paga mais impostos que a massa que agora agora quer construir casas em seu bairro, frequentar os clubes e shoppings antes só repletos de suas réplicas. Para ele, qualquer barberagem no trânsito é coisa da maldita inclusão, aqueles bárbaros que hoje tiram carta de habilitação e ainda penduram diplomas universitários nas paredes. No tempo dele, sim, é que era bom: a escola pública funcionava (para ele), o policial não se corrompia (sobre ele), o político não loteava a administração (não com pessoas que não eram ele).

Há que se entender a dor do sujeito. Ele recebeu um mundo pronto, mas que não estava acabado. E as coisas mudaram, apesar de seu esforço e sua indignação.

Ele não sabe, mas basta ter dois neurônios para rebater com um sopro qualquer ideia que ele tenha sobre os problemas e soluções para o mundo – que está, mas ele não vê, muito além de um simples umbigo. Mas o reacionário não ouve: os ignorantes são os outros: os gays que colocam em risco a continuidade da espécie, as vagabundas que já não respeitam a ordem dos pais e maridos, os estudantes que pedem a extensão de direitos (e não sabem como é duro pegar na enxada), os maconheiros que não estão necessariamente a fim de contribuir para o progresso da nação, os sem-terra que não querem trabalhar, o governante que agora vem com esse papo de distribuir esmola, combater preconceitos inexistentes (“nada contra, mas eles que se livrem da própria herança”), os países vizinhos que mandam rebas para emporcalhar suas ruas.

O mundo ideal, para o reacionário, é um mundo estático: no fundo, ele não se importa em pagar impostos, desde que não o incomodem. Como muitos não o levam a sério, os reacionários se agrupam. Lotam restaurantes, condomínios e associações de bairro com seus pares, e passam a praguejar contra tudo.

Quando as queixas não são mais suficientes, eles juntam as suas solidões e ódio à coletividade (ironia) e se organizam. Juntos, eles identificam e escolhem os porta-vozes de suas paúras em debates nacionais. Seus representantes, sabendo como agradar à plateia, são eleitos como guardiões na moralidade. Sobem a tribunas para condenar a perversidão, o aborto, a bebida alcoolica, a vida ao ar livre, as roupas nas escolas. Às vezes são hilários, às vezes incomodam.

Mas, quando o reacionário se vê como uma voz inexpressiva entre os grupos que deveriam representá-lo, bota para fora sua paranóia e pragueja contra o sistema democrático (às vezes com o argumento de que o sistema é antidemocrático). E se arma. Como o caldo cultural legitima seu discurso e sua paranoia, ele passa a defender crimes para evitar outros crimes – nos Estados Unidos, alvejam imigrantes na fronteira, na Europa, arrebentam árabes e latinos, na Candelária, encomendam chacinas e, em QGs anônimos, planejam ataques contra universitários de Brasília que propagam imoralidades (leia mais AQUI).

O reacionário, no fim, não é patrimônio nacional: é um cidadão do mundo. Seu nome é legião porque são muitos. Pode até ser fraco e viver com medo de tudo. Mas nunca foi inofensivo.