domingo, 17 de novembro de 2013

Não seja macho, seja homem

Do blog Metendo o Bico (metendobico.blogspot.com.br), texto interessante.

"No período Paleolítico, a sexualidade feminina era o símbolo máximo de fertilidade. As representações de deuses possuíam imagem e corpo de uma mulher. O homem desconhecia a importância de seu papel no nascimento de uma criança e assim a mulher era respeitada como sendo um ser que proporcionava a vida e a morte. A deusa-mãe era cultuada e o sucesso do cultivo na lavoura, bem como o cultivo do alimento, era atribuído às influências da deusa da fertilidade.

Desconhecia-se o vínculo entre sexo e fecundação. Os homens, com o tempo, perceberam que matar os animais para alimentarem-se causava a diminuição deles. Resolvem, então, domesticá-los, abandonando assim a caça. Através da observação do homem nas ovelhas é que ele descobre a contribuição do cordeiro na procriação. É diante desta revelação que o homem toma para si a concepção da vida através do sêmen e assim, diminui a importância da mulher que, por sua vez, perde sua autonomia, a liberdade sexual e sua importância na sociedade.

É neste momento que acontece uma mudança radical na relação, nos papéis e principalmente nas mentalidades entre homens e mulheres. O homem passa a enaltecer sua importância como o detentor da vida através do sêmen colocado na mulher. O macho, enfim, surge e cultua uma doutrina de virilidade e poder, em que a mulher deve resignar-se e obedecer. Ao pênis, pompas de um instrumento essencial, que produz o líquido da vida.

Este é o machismo. Um fenômeno perpetuado na história, de conceitos de superioridade ideológica e que vai sustentar um sistema patriarcal que consiste na figura do homem a centralização de decisões, regras, padrões, normas e condutas. E é na forma de pensar que se sustenta o machismo, as imposições do opressor e a submissão do oprimido. O conceito equivocado do sexismo dá a tônica desta disputa.

A “cultura do machão” criou conceitos e estereótipos de quem são e como devem ser os homens. Não podem dispensar mulher nenhuma e que devem ser sempre viris. Existe uma constante preocupação com o pênis e a ereção. Falhar é inadmissível. Devem ser soberanos e comandar, ser fortes e não demonstrar fraquezas, para tal, devem se impor, nem que para isso utilizem a violência. Controlar a família e a esposa são características valorizadas no machão, que enxerga a mulher como sua propriedade.

O privilégio ao homem sucumbe a importância da mulher. O curioso é que este conceito de postura feminina foi por muito tempo considerado o aceito socialmente: submissa, obediente e subserviente ao marido.

O ideal masculino ainda é perseguido pela maioria dos homens. Eles devem ser fortes, austeros, viris, ter sucesso, ousadia e, sobretudo, serem bons de cama. Para se alcançar este ideal de superioridade, homens baseiam-se no controle e na manipulação, impedindo a argumentação do outro. A violência física é consequência da violência emocional, que começa com um olhar de desprezo, intimidações e coerções.

Diante de todas estas exigências e cobranças da sociedade, os homens, hoje, dão sinais evidentes de cansaço e insatisfação em manter este papel do machão, se libertando cada vez mais. Esta máscara foi usada durante tanto tempo que fez com que os homens esquecessem-se de quem de fato são.

 Possuem necessidades, assim, como as mulheres e como tal são sensíveis, frágeis, amorosos e podem demonstrar seus sentimentos sem nenhum constrangimento. Este é o homem de verdade e que dispensa aspas. Ele não se coloca igual a mulher, porque, de fato, seu lugar sempre foi ao lado dela. Respeita e reconhece o espaço feminino. O homem de verdade dá e recebe, sem precisar se impor. Não precisa usar a violência e se vale do diálogo, buscando o vínculo. Não é onipotente tampouco autossuficiente. Está disposto a ensinar, mas, principalmente a aprender com a mulher. Não precisa concorrer ou disputar com outros homens a caverna com suas claves.

A propósito, o homem não quer ficar na caverna e busca constantemente discutir e se reposicionar na sociedade, desmistificando a cultura ditatorial do “machão”. Então, sejamos homens e não machos."

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